Nessa jornada de aprender e ensinar, de vez em quando uma pergunta nos surpreende. Lembro-me até hoje quando um trainee de uma grande empresa multinacional, no último quarto do dia, me perguntou: professor (isso porque eu reforço duzentas vezes que, ali, não sou professor…), se você pudesse me dar uma única ferramenta para ser um líder eficaz, qual seria? Caramba, aquilo não estava no programa, e, como sempre faço, em situações como essa, respirei profundamente e comecei perguntando:- Renata, você tem uma sugestão para nosso amigo? E você, Cíntia? Rodrigo? Obviamente, as considerações foram na seguinte linha: “Não existe uma receita de bolo para a liderança” … “Liderar é um conjunto de competências”, etc… Arrematei os comentários e senti que o nosso amigo ficou satisfeito com a resposta.
Mas, para variar (não muito!), aquela pergunta colou em minha cabeça… Enquanto dirigia, de volta para casa, comecei a pensar: OK, não há receita de bolo, mas se eu pudesse passar apenas dez minutos com um gestor/líder e tivesse apenas uma dica para dar, qual seria? Como é normal, nenhuma resposta me veio à mente, naquele trajeto, e, ao chegar em casa, outros afazeres e preocupações me sequestraram.
Algumas semanas depois, enquanto corria os meus dez quilômetros na esteira, veio o estalo. Aquela explosão, que conhecemos, quando alguma resposta surge do “nada” e resolve um problema que nem mais lembrávamos que tínhamos… Caramba, é isso!!! Se eu tivesse que dar uma única dica para um gestor/líder, seria o que eu passei a denominar como o “Ciclo dos 4 A’s”… Ainda bem que eu ainda estava no início da corrida, pois pude construir e visualizar cada etapa, com sua importância no processo de gestão. E quero compartilhá-lo contigo. Volto a reforçar: esse método não é tudo, nem salva o mundo. Mas, se você, Líder, aplicá-lo com eficiência, muitos dissabores serão evitados…
Embora a figura seja um tanto intuitiva, gostaria de comentar cada etapa, principalmente para fazê-lo avaliar como, sem percebermos, deixamos de cumprir passos importantes em um processo de Gestão e Liderança:
1 – Alinhar – Ainda que, não raramente, possamos exclamar, ao ler esse verbo:- Ah, claro, o Líder precisa alinhar as coisas com seus liderados, não é tão simples assim. Primeiro, que o fator tempo às vezes nos atrapalha. Repassamos as orientações a toque de caixa, e nem sempre nos preocupamos em saber se nossos liderados entenderam o que estamos falando. E mais: a maestria do alinhamento sugere que o Líder também ouça seus liderados: Gostaria de ouvir o que vocês entenderam… Há alguma sugestão que possa contribuir para esse tema? Vocês acham que essa é a melhor maneira de conduzirmos essa atividade? Veja, não se trata de abrir mão de suas convicções em prol dos comentários que serão feitos. Trata-se de estar aberto a ouvir e, eventualmente, ajustar algum ponto. Isso gera cumplicidade em relação àquilo que está sendo alinhado.
2 – Apoiar – Essa é, provavelmente, a etapa mais negligenciada pelos Líderes, quando alinham as atividades com seus liderados. Aqui é onde atua o Líder Servidor… E a essência dessa etapa é: o que eu posso fazer por vocês, para que vocês desenvolvam essa atividade da melhor forma possível? Veja, há uma sutileza aqui: não se trata de dizer: Deixa que eu faço por vocês… Trata-se de dizer: OK, esse é um desafio que vocês terão que superar, mas eu quero participar naquilo que for possível, para tornar esse desafio menos sofrível… Agindo assim, o Líder não encampa as funções de seus liderados, mas mostra-se disposto a estar junto…
3 – Acompanhar – o processo de acompanhamento é uma das mais importantes funções de um gestor/líder. Não se trata de podar a autonomia dos liderados. Nem se trata de ser inconveniente ou de pajear os colaboradores. Trata-se de estar por perto, na frequência e intensidade exigida. De dar aquele toque de um Chef de cozinha que pode salvar um prato ou torná-lo mais saboroso… De adequar a presença ao perfil e à necessidade de cada um. Há aqueles que preferem atuar sozinhos, e para esses o acompanhamento precisa ser mais sutil, e há aqueles que necessitam de um “toque amigo”, e, para esses, a presença pode ser mais constante. No final do dia, o importante é que todos os envolvidos estejam realizando suas tarefas com entusiasmo e motivação, cientes de que há alguém junto com eles…
4 – Avaliar – Este é o momento do ciclo para que se reconheça tudo o que está indo bem, e para que se rediscuta, e se ajuste, aquilo que pode melhorar. É um momento crucial, pois dele depende, não apenas os ajustes necessários nas atividades, mas, principalmente, a energização dos liderados, para que continuem dedicados a fazer o seu melhor.
Ah, e existe um quinto “A” nesse ciclo, que é o que eu denomino a ARTE de liderar… Nesse caso, ARTE é o acrônimo de Assertividade, Respeito, Transparência e Empatia. Mesmo falando por si só, vale a pena reforçar que uma comunicação assertiva evita resistências, que respeito e transparência é algo desejado por todas as pessoas. E que empatia é um dos principais diferenciais da Liderança do futuro. Entender como cada liderado é, como sente e reage ao ambiente, é um fator primordial para agir, de tal forma que seu liderado tenha predisposição de voltar para o seu trabalho, no dia seguinte, entregando o melhor de si…
E então, o que você achou desse artigo? Fez sentido pra você? Se você analisar as quatro etapas, em qual delas você acha que ainda precisa colocar mais atenção? Conte pra gente, nos comentários. Vamos evoluir, juntos…